Livre-arbítrio, ou capacidade humana. Ensina que o homem, embora debilitado pela queda, não era totalmente incapaz de escolher o bem espiritual, e podia exercer fé em Deus de forma a receber o evangelho e assim tomar posse da salvação para si mesmo.
Em primeiro lugar há uma diferença entre ação humana e livre arbítrio. A ação humana é uma característica da humanidade como tal, ou seja, o homem tem escolhas pessoais, mas que não tem influência no plano de Deus, não se pode confundir, manifestações da nossa natureza com uma vontade sem ter envolvimento externo divino. O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor (Pv. 16.1).
Pode-se afirmar que a responsabilidade humana para raciocinar e agir não contradiz a soberania Deus, esse é um assunto muito importante e também difícil de compreensão, será tratado com mais de profundida em outras postagens, o objetivo no momento é tentar mostrar se a ação humana é a mesma coisa que livre-arbítrio.
“Em Romanos 1.18, Paulo ensina que todos os homens, sem qualquer exceção, merecem ser castigados por Deus. “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça.” Se todos os homens possuem “livre-arbítrio”, ao mesmo tempo em que todos, sem qualquer exceção, estão debaixo da ira de Deus segue-se daí que o “livre-arbítrio” os está conduzindo a uma única direção — da “impiedade e da iniqüidade”. Portanto, em que o poder do “livre-arbítrio” os está ajudando a fazer o que é certo? Se existe realmente o “livre-arbítrio”, ele não parece ser capaz de ajudar os homens a atingirem a salvação, porquanto os deixa sob a ira de Deus”.
Após o pecado original os seres humanos se tornaram corruptos por causa dos nossos pais Adão e Eva, sendo assim, todas nossas decisões são tomadas conforme os nossos corações. A bíblia afirma que o coração do homem é corrupto e as nossas ações têm inclinações para o mal. A inclinação para o bem só existirá quando tivermos o corpo glorificado, só assim teremos um coração incorruptível.
“(...) Foi pelo mau uso do seu livre-arbítrio que o homem o destruiu e a si mesmo também.”
Antes do pecado o homem tinha atitudes livres, boas e justas, ele tinha a capacidade para pecar ou não, ou seja, ele tinha a capacidade para pecar, mas não a incapacidade para não pecar, pois ele não era imutável como Deus, sendo assim ele era oscilante e propenso ao erro.
O homem é livre para fazer muitas coisas “no mundo”, declara Martinho Lutero, dizendo: “Essas escolhas incluem comer ou jejuar, escolher café em vez de chá para a refeição matinal, ou fazer um curso sobre a história francesa em vez de sobre história da Rússia. Contudo, quando entramos na esfera das coisas espirituais, somos muito mais limitados, não possuindo capacidade espiritual para nem mesmo entender o que Deus quer muito menos o poder para fazer isso.”
É bastante claro quais são as escolhas que os seres humanos fazem, todas as escolhas são conseqüências da nossa natureza, podemos sim fazer escolhas livres, mais não escolhas que comprometam a soberania de Deus, se as nossas vontades interferissem nos planos de Deus, seria Deus que teria que se adaptar as mudanças, sendo assim isso fere o atributo da imutabilidade de Deus. A Confissão de Fé de Westminster no capítulo 9 fala: “Deus dotou a vontade do homem daquela liberdade natural, que ele nem é forçado para o bem ou para o mal, nem a isso é determinado por qualquer necessidade absoluta da sua natureza”.
A vontade tem uma liberdade conforme sua natureza sendo assim ela não é forçada a agir, dentro desse plano natural, ou seja, dentro do plano humano, e se trata de uma vontade livre interna, sendo assim o seu caráter pessoal irá transparecer sua verdadeira natureza, não sendo influente no plano espiritual para tomar decisões onde Deus terá que mudar as circunstâncias por causa de uma vontade nossa como se pegássemos Deus de surpresa.
1.O homem é livre somente no sentido que é livre para expressar o caráter da pessoa.
2.Ela deve ser primeiro regenerado para que seja livre para obedecer a Deus.
3.Ela nunca é forçada a agir contra a sua própria natureza.
2.Ela deve ser primeiro regenerado para que seja livre para obedecer a Deus.
3.Ela nunca é forçada a agir contra a sua própria natureza.
Como já foi discutido o homem somente é livre para expressar sua natureza, em segundo lugar ele só pode ser livre para obedecer a Deus quando é regenerado, pois antes desse ato que até Deus faz, ele está morto sem ação alguma e sem vontade para obedecer, pois possui uma natureza caída que a única vontade dele é agradar a seu pai o diabo somente quando Deus atropela esse suposto livre arbítrio e traz o homem a vida e que ele tem total liberdade para obedecer a seus mandamentos.
“O livre-arbítrio sem a graça de Deus não é livre de forma nenhuma, mas é prisioneiro permanente e escravo do mal, uma vez que não pode tornar-se em bem”.
Spurgeon no seu famoso sermão “Livre-Arbítrio, um escravo”, cita que quando Deus disse a Adão “No dia que dela comeres certamente morrerás” embora não tenha morrido fisicamente naquele momento, ele morreu legalmente, isso quer dizer que a morte foi decretada contra ele – tão logo, como num tribunal o juiz veste a capa preta e pronuncia a sentença – o homem é considerado morto pela lei.
Spurgeon nos mostra que somente a sentença foi decretada ainda falta sofrer o decreto, mas mesmo assim ele já está condenado pela lei, ou seja, morto para qualquer tipo de ação civil, eleitoral e tudo o que possa ser feito por um cidadão em legitima conduta. Spurgeon continua, É-lhe impossível fazer qualquer transação. Ele não pode herdar, e nem legar seus bens. Ele não é nada! Ele é um homem morto!
Muitos estão sem vida em Cristo, continuam de pé simplesmente por um adiantamento, pois todos que não tem vida em Cristo estão mortos, e sem estão mortos fora de Cristo o seu destino final é a perdição.
Spurgeon continua sua exposição dizendo “não podemos encontrar vida, a não ser que encontramos vida legal, na pessoa de Cristo. E não estamos somente legalmente mortos, mas também espiritualmente mortos, isso porque a sentença não somente foi lavrada no livro, mas também no coração, e entrou na consciência e operou na alma, no julgamento na imaginação!”
“Porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” – não somente foi cumprido pela sentença decretada, mas por algo que aconteceu em Adão.
O homem perdeu sua vontade para sempre de fazer escolhas de tudo que é bom, por que o pecado original manchou a nossa consciência, coração e tudo que se pode escolher, quando a virtude, santidade e integridade se foram, o homem tornou-se morto, com esses pontos vitais destruídos o homem se tornou corrompido em si mesmo, e detestável para Deus. Paulo afirma que Ele nos vivificou quando ainda estávamos mortos em nossos delitos e pecados, pois não temos nem vontade nem poder, posto que Ele concede ambos – porquanto Ele é o alfa e o ômega na salvação do homem.
SEATON. W. J. Os cinco pontos do calvinismo. São Paulo: PES, p. 3
LUTERO, Martinho: Nascido Escravo. São Paulo: Fiel, 1992. p. 9.
SPROUL, R. C. Sola Gratia. São Paulo: Cultura Cristã, 2001. p. 45.
WRIGHT, R. K. McGregor. A Soberania banida: redenção para a cultura pós-moderna. São Paulo: Cultura Cristã, 1998. p. 53.
SPURGEON, C. H. Livre Arbítrio um Escravo. São Paulo: PES. p. 3.
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