Uma
Questão de Família
Desde
princípio de tudo, a família tem sido a instituição divina mais próxima ao
coração de Deus; ela não é apenas a unidade de construção mais básica da
sociedade, mas também da igreja. Eu sugiro – e trata-se apenas de uma sugestão -,
que se faça o seguinte. Talvez você encontre outro horário totalmente
diferente, de acordo com suas necessidades distintas, mas pelo menos ofereço
aqui um ponto de partida para ser discutido.
O
Dia do Senhor
Deixe
de lado todas as distrações mundanas no domingo, inclusive dos esportes. Reconheço
que essa sugestão pode ofender alguns modernos que fizeram dos esportes uma espécie
de ídolo, mas é bom possível que a gravação em vídeo tenha sido inventada para
permitir que torcedores crentes possam assistir aos jogos mais tarde. Antes do
culto, peça aos filhos que tomem nota do sermão, para que, ao voltar para casa,
talvez durante o almoço de domingo, cada um possa compartilhar o que aprendeu e
discutir o conteúdo e a aplicação com a família. Talvez depois do almoço seja
uma boa hora para descansar um pouco, tirar uma soneca, depois da qual se pode
realizar alguma atividade em família, como uma caminhada, um passeio ciclístico
ou de carro. Voltem a tempo de assistir ao culto da noite. É verdade que a
comunhão com os outros crentes na igreja é parte importante do dia do Senhor,
mas deve ser secundária à comunhão da “pequena igreja” que se reúne na própria
casa, que consiste nos membros da própria família.
A Refeição
da Noite
Faça
da refeição noturna um tempo especial para a família se reagrupar e discutir os
acontecimentos do dia. Em muitos casos, os amigos de nossos filhos terão estilos
de vida totalmente diferente e perguntaram por que nossos filhos têm que estar
em casa em determinada hora toda noite, mas com o tempo eles mesmos desejarão
que os seus pais façam o mesmo. No passado, as famílias protestantes faziam da
refeição da noite o tempo para breve oração e memorização do catecismo (guia de
perguntas e respostas aos principais temas doutrinários da Bíblia,
especialmente para as crianças). Olhando ao redor da mesa, o líder da casa
pedia a cada pessoa que lembrasse a pergunta e a resposta, lendo a seguir os
versículos referentes àquele ponto do catecismo. Em seguida, conversavam a
respeito do que havia sido lido. Isso deu a gerações de protestantes um método
simples de ensinar às crianças os pontos essenciais da fé cristã. Isso era
visto como principalmente um dever dos pais e, só secundariamente, um dever da
igreja.
Noite
em Família
Separe
um dia da semana que possa se tornar-se tão rotineiro como o jornal da manhã, e
use a noite desse dia como a “Noite da Família”. Escolha um bom livro – talvez um
romance clássico ou uma coletânea de poesia, de contos ou um conte de fada. Gaste
algum tempo com um jogo ou tocando piano ou violão. Talvez vocês queiram fazer
um breve estudo bíblico, mas é essencial que as crianças cresçam apreciando e
gostando também da literatura secular.
Leitura
em Voz Alta
Faça
questão de ler para os seus filhos desde a mais tenra idade. Os estudos mostram
que crianças cujo os pais leem para elas, até mesmo antes que elas entendam as
palavras, ao crescer terão o hábito da leitura e aprenderão com mais
facilidade.
Através
de anos de pesquisa, o psicólogo de família John Rosemond juntou inúmeras razões
pelas quais deve-se desligar a televisão. Ele argumenta que até mesmo os
programa projetados para educar são antieducativos, pois se trata de um
divertimento passivo. Na verdade, ele atribui muito do Déficit de Deficiência
de Atenção ao encurtamento da capacidade de atenção que vem do excesso de
divertimento. Os pais, Rosemond ressalta, “preferem uma desculpa genética do
tipo, ‘Isso não pôde ser evitado’ a uma explicação de problema de
desenvolvimento”, mas as pesquisas tem confirmado as conclusões de Rosemond. A psicóloga
Jane Healy, autora de Endangered Minds:
Why our Children Don’t Think (Simon and Schuster) [Mentes em perigo: por
que nossos filhos não pensam] e Jerome Singer, da Universidade de Yale, estão hoje
concordando com isso e eles argumentam que as crianças não deveriam poder
assistir a televisão até que estejam completamente alfabetizadas (por volta dos
8 anos de idade).
A Reforma legitimou o casamento
como um fim em si, assim como libertou as artes, a filosofia e a política.
Quando
os pais leem para seus filhos, especialmente na hora de dormir, as crianças
frequentemente aprendem a fazer associações entre o calor e a segurança do amor
dos seus pais e um livro, e é então natural que procurem ler em vez de ligar a
televisão quando desejarem um sentimento agradável que as pessoas procuram na
recreação.
Naturalmente,
essas são sugestões, e um tanto superficiais. No entanto, elas nos colocam uma
direção geral; e muitas vezes não é por falta de interesse, mas falta de
orientação, que as famílias não adotam esses programas. As soluções podem ser surpreendentemente
simples, mas exigem fundamentalmente de nós que alteremos os nossos sentimentos
e nosso estilo de vida.
Não importa
o que se escolha fazer, em todo caso devemos colocar a nossa família em
primeiro lugar. Se, depois da refeição a noite, da rotina de domingo, e da “noite
em família”, houver ainda tempo para “grupos de crescimento”, estudos bíblicos
e serviço voluntários na igreja, melhor. Porém, com excessiva frequência, as
famílias se envolvem demais com as atividades da igreja, com os filhos em
uniões juvenis e de adolescentes, e os pais em seus grupos separados, que sobra
pouco tempo para a família estar junta. O caso da criança que aos poucos foi
tornando-se agnóstica porque o pai estava sempre envolvido com o “ministério” e
sua mãe com o trabalho feminino, se multiplica por demais nos nossos dias. É hora
de recuperarmos a convicção de que nosso ministério mais importante é para com
a nossa própria família.
Horton. S. Michael. O cristão e a cultura: Orientação bíblica para o crente. 2ª Ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. p. 141 - 144.
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