O
supremo exemplo de como Deus exerce uma influência controladora e orientadora
sobre os ímpios é a cruz de Cristo, com todas as circunstâncias a ela
vinculadas. Se houve uma ocasião na qual a providência se evidenciou, foi no
evento da cruz. Desde toda eternidade Deus predestinara cada detalhe desse
supremo acontecimento. Nada foi deixado ao acaso ou ao capricho humano. Deus
decreta onde, quando e como o seu bendito Filho morreria. Muitas coisas que
Deus determinara com respeito à crucificação tinham sido anunciadas por meio
dos profetas do Antigo Testamento; de modo que, no cumprimento exato e literal
dessas profecias temos uma prova clara, uma demonstração plena, da influência
controladora e orientadora que Deus exerce sobre os ímpios. Nada acontece fora
daquilo que Deus ordenara, e tudo quanto o Senhor ordenara aconteceu exatamente
conforme Ele mesmo propusera. Fora decretado (e revelado nas Escrituras) que o
Salvador seria traído por um de seus próprios discípulos – por seu “amigo
íntimo” (Sl 41.9; comparar com Mateus 26.50)? Sim; e Judas foi o discípulo que
O vendeu. Fora decretado que o traidor receberia trinta moedas de prata por sua
horrenda perfídia? Sim; e os sumos sacerdotes foram constrangidos a oferecer-lhe
exatamente essa soma. Fora decretado que o dinheiro da traição seria empregado
na compra do campo do oleiro? Sim; e a mão de Deus dirigiu Judas de tal modo
que devolveu o dinheiro aos sacerdotes, e Deus guiou os sacerdotes para que
decidissem fazer exatamente isso (Mt 27.7). Fora decretado que se levantassem
“iníquas testemunhas” contra Cristo (Sl 35.11)? Pois bem, foram achados
indivíduos dessa natureza. Fora decretado que o Senhor da glória seria açoitado
e que Lhe cuspiriam no rosto (Is 50.6)? Ora, não faltaram aqueles que vilmente
se prestaram a isso. Fora decretado que o Salvador seria “contado com os
transgressores”? Pilatos, sem perceber que estava sendo dirigido por Deus,
ordenou sua crucificação juntamente com os dois ladrões. Fora decretado que
vinagre e fel Lhe seriam oferecidos, enquanto Ele pendia na cruz? Esse decreto
divino foi literalmente cumprido. Fora decretado que soldados cruéis lançariam
sortes suas vestes? Então, foi justamente isso que fizeram. Fora decretado que
nenhum de seus ossos seria quebrado (Êx 12.46 e Nm 9.12)? Pois bem, a mão
orientadora de Deus, permitiu que os soldados romanos quebrassem as pernas dos
ladrões, impediu-os de fazer o mesmo com nosso Senhor. Ah! Não foram
suficientes os soldados de todas as legiões romanos, não foram suficientes
todos os demônios de todas as hierarquias de Satanás, para quebrar um único
osso do corpo de Cristo. E por que não? Porque o Soberano onipotente tinha
decretado que nenhum de seus ossos seria quebrado. Precisamos demorar-nos ainda
mais neste parágrafo? No que se refere à crucificação, o cumprimento acurado e
literal de tudo que as Escrituras predisseram, não demostra, sem qualquer
controvérsia, que um poder onipotente estava dirigindo e supervisionando tudo
quanto foi feito naquele dia?
Pink, A. W. Deus é soberano. São Paulo: Fiel, 2º Ed. 2011. p. 98,99
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