sexta-feira, 30 de setembro de 2011

NÃO HÁ INJUSTIÇA DE DEUS QUANDO UM PECADOR ESTÁ CONDENADO AO INFERNO.



Será analisado o atributo da justiça de Deus em relação ao ser humano, provar que não há injustiça divina no julgamento do pecador, por ter sido concebido em pecado o homem já é merecedor do inferno, e também será exposto de que maneira Deus julgará o ímpio.

Todos nos fomos concebidos em pecado.
Nesse assunto serão explorados dois temas de suma importância para que se possa entender a origem do pecado no ser humano: (1) a queda do ser humano; (2) a depravação total.

A queda do ser humano: Agostinho declara que toda a raça humana foi afetada pelo pecado, e por esse motivo a mente do ser humano ficou obscurecida pelo pecado, ou seja, após a queda é impossível se pensar com clareza e compreender as verdades e idéias espirituais. Ele trata esse pecado como uma grave enfermidade, onde não se pode ser diagnosticada muito menos ser curada. E somente a graça de Deus pode diagnosticar e curar essa enfermidade.

“Pelo pecado de Adão, toda a sua descendência foi corrompida e nasceu sob a penalidade da morte, que ele havia atraído sobre si. “Portanto, depois do seu pecado, ele foi conduzido para o exílio e, por meio do seu pecado, toda raça humana, da qual ele era a raiz, foi corrompida nele e, conseqüentemente, submetida à penalidade da morte. E assim acontece que toda a sua descendência, e a da mulher que o conduziu ao pecado e foi condenada ao mesmo tempo com ele – sendo a descendência da concupiscência carnal sobre a qual o mesmo castigo da desobediência foi infligido – foi manchada com o pecado original e, por meio dele, arrastada por erros diversos e sofrimentos até o último e eterno castigo...”

“Assim, então, é como as coisas se encontram. Toda a massa da raça humana estava sob a condenação, jazendo impregnada e chafurdada na miséria e sendo lançada de uma forma de mal para outra e, tendo-se unido à facção de anjos caídos, estava pagando a penalidade bem-merecida daquela rebelião ímpia.”

A grande idéia de Agostinho é que sob essa natureza pecaminosa não pode haver controle, não se pode passar nesse pensamento de Agostinho sem tratar de três analogias: o pecado original como “doença”, como “força” e como “culpa”.

Pecado como doença hereditária, que é passada de geração em geração, e o Cristo é o médico divino, o único que pode curas nossas feridas (Is 53.5), e assim somos curados pela graça de Deus.

Pecado como uma força, que domina e deixa o ser humano incapaz de se libertar, assim o livre-arbítrio e retido pela força do pecado, Cristo assim é visto como o libertador que destrói a força do pecado.

Pecado como um conceito essencialmente jurídico – a culpa – Cristo veio para trazer a absolvição e o perdão.

Para Louis Berkhof o pecado original teve início com a transgressão de Adão no paraíso e, portanto, com um ato perfeitamente voluntário do ser humano. Ele diz que Adão se rendeu a tentação e cometeu o primeiro pecado, comendo o fruto proibido, e assim o ser humano passou a ser escravo do pecado.
Foi exatamente por esse ato voluntário do ser humano que o pecado entrou nos seus descendentes e até hoje acompanha a raça humana, porque da mesma maneira que uma doença hereditária é transmitida de geração em geração, a concepção do pecado original é tratado da mesma maneira, Adão sendo nosso representante, pecou, e transmitiu esse pecado a todos os seus descendentes.

Paulo afirma em Rm 5.12: “Portanto, assim a morte por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”. Louis Berkhof (2007) esclarece que Deus atribui a todos os homens a condição de pecadores culpados em Adão, exatamente como atribui a todos os crentes a condição de justos em Jesus Cristo.

Paulo afirma que: “pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos o homens, para a justificação que dá vida. Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos”, Rm 5.18,19. Davi declara que o seu nascimento já traz o pecado enraizado na sua existência: “Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe”. Sl 51.5.

Depravação Total: O dicionário Aurélio define “incapacidade” como sendo uma falta de capacidade ou inaptidão, isso se encaixa perfeitamente no pensamento de W. J. Seaton (2009, p. 9) quando ele diz que a depravação é uma perspectiva deficiente e amena sobre o pecado, então estamos sujeitos a ter uma perspectiva deficiente quanto aos meios necessários para a salvação do pecador.

Quando temos uma perspectiva inicialmente errada, da mesma maneira teremos uma perspectiva final, conforme foi à primeira, ou seja, distorcida ou errada, assim será a conclusão. O Sínodo de Dort afirmou que o estado natural do homem era de depravação total e sendo assim havia total incapacidade do homem para obter ou contribuir a favor da sua própria salvação.

A Bíblia afirma com clareza que o homem está totalmente morto, “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram” (Rm 5.12), a Bíblia fala que o homem está agrilhoados, “Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade, e tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em que à vontade dele estão presos” (2 Tm. 2.25-26), está cego e surdo “...mas aos que estão de fora todas estas coisas se dizem por parábolas. Para que, vendo, vejam, e não percebam; e, ouvindo, ouçam, e não entendam” (Mc 4.11-12) ignorantes “Ora o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente...” (1 Co 2.14), o ser humano é de natureza pecaminosa “Eis que em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sal. 51.5) e também a prática é maldosa “e viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicava sobre a terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente”, (Gn 6.5)

W. J. Seaton conclui dizendo que: pode um morto se levantar? Pode um preso se libertar? Pode os cegos dar-se visão, ou os surdos audição? Pode um ignorante ensinar a si mesmo? Pode um pecador por natureza mudar a si mesmo? Certamente que não. “Quem do imundo tirará o puro?” pergunta Jó; e responde “Ninguém” (Jó 14.4). "Pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas?” pergunta Jeremias; “Nesse caso também vós podereis fazer o bem, sendo ensinado a fazer o bem, sendo ensinado a fazer o mal" (Jer. 13.23). A depravação total acaba com todos os nossos pontos vitais, onde é necessário deles para uma vida espiritual sempre ativa com Deus, ou seja, Paulo deixou claro em Efésios que: “vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados” (Ef. 2.1).

John Owen, na sua esplendida obra intitulada “A Glória de Cristo”, da uma grande contribuição sobre a natureza humana quando diz que essa natureza foi feita em Adão e Eva à imagem de Deus, cheia de beleza e glória. Todavia, o pecado derrubou essa glória no pó e a natureza humana tornou-se completamente diferente de Deus.

“O Senhor Jesus, o filho de Deus, curvou-Se em grande perdão e amor para assumir a natureza humana. Assim, a nossa natureza humana, após ter mergulhado nas maiores profundezas da miséria, agora foi erguida acima de toda criação de Deus, pois Deus exaltou a Cristo “... pondo-o à sua direita nos céus, acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro”. (Efésios 1.20-21)”.

Nossa natureza estava condenada a perdição, mais Deus em grande amor, enviou seu filho, Cristo, que veio em forma humana “pois ele, subsistindo em forma Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe de um nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.” (Fl 2.6-11).

O maravilhoso deste texto é que nossa natureza caída teve um representante glorioso, Deus, que se fez homem e veio habitar em nosso meio, quando o Deus-Pai exaltou se Filho, nossa natureza foi erguida juntamente com a de Jesus, e se outrora nossa natureza estava na mais escura treva, foi elevada para a glória que foi concedida mediante a honra concedida a Cristo.

O ímpio e seu destino final.
Será tratado nesse sub-tópico o fim daqueles que não estão em Cristo ou, melhor dos incrédulos e ímpios que a bíblia deixa claro que será um estado de miséria e punição eterna no inferno. Tanto na Idade Média quanto no período da Reforma teólogos criam e ensinavam a doutrina da punição dos ímpios, diz Anthony Hoekema.
Anthony Hoekema mostra duas formas que negam a doutrina da punição eterna: universalismo e o aniquilismo. Sendo que os universalistas crêem que inferno e punição eterna seriam incoerentes com o conceito de um Deus amoroso e poderoso, que por final todos serão salvos, inclusive o diabo e seus demônios.

A outra forma de negação segundo Anthony Hoekema seria uma doutrina intitulada de aniquilamento, que em si mesma se divide em dois pensamentos: (1) que o homem foi criado imortal, mas aqueles que continuam no pecado são privados da imortalidade e simplesmente aniquilados – isto é, reduzidos à não existência. (2) chamado se “imortalidade condicional”, o homem fora criado mortal. Os incrédulos, porém, não receberam esse dom, e por isso permanecem mortais; por esse razão são aniquilados por ocasião da morte.

Na atualidade também temos duas formas de negação a doutrina da punição eterna uma é ensinada pelos Adventistas do Sétimo Dia, e a segunda ensinada pelas Testemunhas de Jeová, os Adventista crêem no aniquilamento, porém afirma que haverá período de sofrimento punitivo anterior ao aniquilamento, já as Testemunhas de Jeová não crêem nesse período de sofrimento.

A doutrina da punição eterna é ensina nas Escrituras por Cristo e também pelos apóstolos ensina Anthony Hoekema, ensinamentos dados por Cristo: no Sermão do Monte encontram-se três referências ao inferno. Mateus 5.22: “Eu porém vos digo que todo aquele que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento o tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo”. E nos versos 29-30 “Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo teu corpo lançado no inferno (geennan). E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno (geennan).

Anthony Hoekema examina a palavra geennan que é referência para o lugar final de punição, ele explica que essa palavra é uma forma grega da expressão aramaica gee hinnom, que significa: “Vale de Hinom”. Situado ao sul de Jerusalém, onde pais sacrificavam seus filhos ao deus amonita Moloque, nos dias de Acaz e Manassés (2 Rs 16.3; 21.6; e em especial Jr 32.35), era também nesse vale que se queimava lixo de Jerusalém. Por esse motivo ele se tornou um tipo do pecado e maldição e, dessa forma, a palavra Gehema passou a ser usada como designação para o fogo escatológico do inferno e para o lugar da punição.

Jesus ensina segundo Anthony Hoekema que o fogo do inferno não é uma espécie de punição temporária da qual algumas pessoas possam se libertar, mas sim uma punição sem fim ou eterna, a punição do inferno é eterna em Marcos 9.43, onde o fogo do inferno é chamado de “inextinguível”, no verso 48 do mesmo capítulo “... onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga”, o tormento e angústia internos, simbolizados pelo verme, nunca terão fim e os sofrimentos exteriores simbolizados pelo fogo nunca cessarão.

Os tormentos do inferno são encontrados em Mateus 13.41, 42: “... ali haverá choro e ranger de dentes”, essa passagem mostra o amargo e a auto-condenação desesperada. Mateus 25.30 também mostra o tormento “... lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes” isso mostra com bastante clareza o afastamento do perdido em relação à eterna comunhão com Deus. Mateus 25.46 mostra também a punição eterna quando é dito: “E irão estes [os que estão à esquerda do rei] para o castigo eterno.

Várias passagens são encontradas nos evangelhos proferidas por Cristo, que mostra a clareza final dos ímpios como um tormento sem fim, conforme Mt 10.28; 18.14; Lc 13.3; Jo 3.16; 10.28; Rm 2.12; 1Co 1.18; Fp 3.19; 2Pe 2.1; 3.16, mostra a respeito da punição eterna, estado de tormento e dor intermináveis.
Anthony Hoekema descreve também dos ensinos dos apóstolos de Cristo a respeito da punição eterna, segundo ele a descrição mais forte dos sofrimentos dos perdidos é encontrado nos escritos paulinos, principalmente em 2 Tessalonicenses 1.7-9; “... quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidades de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder...” outros textos bíblicos que se referem a punição eterna; Rm 2.5,8,9; 5.9; Hb 10.28 ,29, 30; 2 Pe 2.17; Jd 7, 13; Ap 14.10, 11; Ap 21.8. (a bíblia e o futuro, pg. 318, 319, 320, 321).

Louis Berkhof fala do estado no qual continuarão os ímpios em sua existência, ele fala que é impossível ser preciso neste assunto, e convém ser cauteloso, pode dizer que consistirá na (1) ausência total do favor de Deus; (2) uma interminável perturbação da vida, resultante do domínio completo do pecado; (3) dores e sofrimentos positivos no corpo e na alma; e (4) castigos subjetivos, como agonias da consciência, angústias, desesperos, choro e ranger de dentes, Mt 8.12; 13.50; Mc 9.43, 44, 47, 48; Lc 16.23, 28; Ap 14.10; 21.8.

Louis Berkhof mostra que haverá graus de punição Mt 11.22, 24; Lc 12.47, 48; 20.17. sua punição será proporcional ao seu pecado contra a luz que receberam. Mas, não obstante, será punição eterna para todos eles.esta verdade é exposta claramente na Escritura Mt 18.8; 2 Ts 1.9; Ap 14.11; 20.10.
Jonathan Edwards em 1741 no dia oito de julho pregou com o titulo “Os pecadores nas mãos de um Deus irado”:

“Seria terrível sofrer a fúria e a ira do Deus Todo-Poderoso, mesmo que só por um momento; no entanto, os pecadores deverão sofrê-la por toda eternidade. Não haverá fim para essa horrível miséria sem precedentes... Vocês, pecadores, terão a certeza de que serão obrigados a passar longos anos, milhões e milhões de anos, em sua luta contra essa tremenda vingança que não conhece misericórdia”.

AGOSTINHO apud MCGRATH, Alister E. Teologia: sistemática, histórica e filosófica. São Paulo, Shedd, 2005.p. 508

AGOSTINHO apud SPROUL R. C. Sola Gratia: a controvérsia sobre o livre-arbítrio na história. São Paulo: Cultura Cristã, 2001. p. 50.

BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 2007. p. 205.

SEATON, W. J. Os Cinco pontos do calvinismo. São Paulo: PES. p. 8

John. A Glória de Cristo. São Paulo: PES, 1989. p. 7.

HOEKEMA, Anthony. A Bíblia e o Futuro: a doutrina bíblica das últimas coisas. São Paulo: Cultura Cristã, 2001. p. 312.

EDWARDS apud MCGRATH, Jonathan, Alister E. Teologia: sistemática, histórica e filosófica. São Paulo: Shedd, 2005. p. 639

PACKER, J. I. O Conhecimento de Deus. São Paulo: Mundo Cristão. 1996. p. 167.
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