quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A Soberania de Deus à luz das Escrituras.


O Credo Niceno começa com as palavras confiantes: “Creio em Deus Pai todo-poderoso”. Assim, a crença em um Deus “todo poderoso” ou onipotente é um elemento essencial da tradicional fé cristã. Mas o que significa falar de um Deus “onipotente”? A onipotência divina parece implicar no fato de que Deus deva ser capaz de fazer qualquer coisa que não envolva uma contradição evidente.

“Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado” (Jó 42.2). Jó testifica que Deus é onipotente. Deus pode fazer tudo o que quiser, em sua perfeita sabedoria e vontade. Mas falar que Deus pode fazer tudo literalmente é meio complicado, temos que ter cuidado para com isso não imaginar coisas tolas a respeito de Deus como, se Deus pode pecar, mentir mudar sua natureza ou negar as exigências do seu caráter santo (Nm 23.19; 1Sm 15.29; 2Tm 2.13; Hb 6.18; Tg 1.13, 17).

Louis Berkhof define a soberania de Deus como o Criador, e sua vontade como a causa de todas as coisas. Em virtude de sua obra criadora, o céu, a terra e tudo o que eles contêm lhe pertencem, sua autoridade é absoluta sobre as hostes celestiais e sobre os moradores da terra, ele determina os fins que elas estão destinadas a cumprir. Ele governa como Rei no sentido mais absoluto da palavra.

E a bíblia é repleta de passagens que comprovam a soberania de Deus: Gn 14.19; Êx 18.11; Dt 10.14, 17; 1Cr 29.11, 12; 2Cr 20.6; Sl 115.3; Sl 135.6; Jr 32.17, 27; Mt 19.26, Mc 10.27; Lc 1.37; 18.27; At 17.24-26; Ef 3.20, 21; Ap 19.6. Louis Berkhof da uma atenção especial a dois atributos da soberania de Deus, (1) a vontade soberana de Deus, e (2) o poder soberano de Deus.

Louis Berkhof fala que a vontade divina aparece de várias maneiras na Escritura. É apresentado como a causa final de todas as coisas. Tudo deriva dela: a criação e a preservação, Sl 135; Jr 18.6; Ap 4.11; o governo, Pv 21.1; Dn 4.35; a eleição e a reprovação, Rm 9.15, 16; Ef 1.11; os sofrimentos de crentes, 1Pe 3.17; a vida e o destino do homem, At 18.21; Rm 15.32; Tg 4.15, e até as menores coisas da vida, Mt 10.29.

Davi reconheceu a onipotência de Deus “Eu te amo, ó Senhor, força minha. O Senhor é a minha rocha, a minha cidadela, o meu libertador; o meu Deus, o meu rochedo em que me refugio; o meu escudo, a força da minha salvação, o meu baluarte” (Sl 18.1-2). Quando reconhecemos a grandeza de Deus isso produz grande fé e elevado louvor.

Louis Berkhof também fala do poder soberano de Deus que é a eficiência de Deus, exercida pela ordenada operação de causas secundárias. O conceito mais geral é exposto por Charnock “Absoluto é o poder pelo qual Deus é capaz de fazer o que ele não fará. Mas que tem possibilidades de ser feito; ordenado é o poder pelo qual Deus faz o que decretou fazer, isto é, o que ele ordenou ou marcou para ser posto em exercício; os quais não são poderes distintos, mas um e o mesmo poder. O seu poder ordenado é parte do seu poder absoluto; pois se ele não tivesse poder para fazer tudo o que pudesse desejar, não teria poder para fazer tudo que deseja”.
O poder de Absoluto de Deus diz respeito a tudo o que Ele poderia ter feito antes de qualquer comprometimento com o universo e tudo o que nele existe, ou seja, Deus é Absolutamente poderoso em si mesmo, podendo fazer tudo o que quiser desde que não fira seus atributos.

Guilherme de Occam define que o poder absoluto de Deus diz respeito às opções que existem antes de Deus tivesse se comprometido com qualquer procedimento ou forma de organização do universo.

O interessante é que Guilherme de Occam fala do poder Absoluto de Deus como tudo antes de qualquer comprometimento Deus podia falar, mais temos que ter cuidado para não confundirmos com a “potência ordenada de Deus” que diz respeito no agora as coisas já estabelecidas por Deus como o Criador de tudo.

Louis Berkhof fala também da vontade decretatória de Deus e sua vontade preceptiva, sendo a primeira pela qual ele projeta ou decreta tudo que virá a acontecer, quer pretenda realizá-la efetivamente (causativamente), quer permita que venha a ocorrer por meio da livres ações das Suas criaturas racionais. A segunda é a regra de vida que Deus firmou para suas criaturas morais, indicando os deveres que lhes impõe. À vontade decretatória de Deus é a vontade que vai se cumprir de qualquer forma, já a preceptiva é a vontade que Deus quer que suas criaturas façam.

“Criação implica soberania. Qualquer que acredita em Deus como criador não pode negar sua soberania sobre tudo que ele fez. Isto é observado na vida diária. Ninguém jamais teve oportunidade de dizer que ia existir antes de existir. A existência lhe foi dada sem que fosse pedido o seu consentimento. Uma mão soberana o introduziu na existência, colocou-se dentro de um torvelinho de experiências, sem possibilidades para interrupção e descanso; e fez isso sem perguntar se ele queria ou não. Nenhum homem jamais escolheu a data e o lugar de nascimento, ou nacionalidade; se nasceria na china ou na América, se seria esquimó ou americano. Nada é mais evidente para o homem racional do que o fato de existir uma soberania dirigindo sua vida”.
Dr. Warfield, traz uma concepção muito apurada da soberania de Deus no Antigo Testamento:

“Não podemos pensar em Deus senão como um ser que determina tudo o que acontece no mundo, deste mundo que é produto de seu ato criador. A doutrina da providência, que está espalhada em todas as páginas do Antigo Testamento sustenta totalmente esta crença. O Todo-Poderoso construtor é apresentado também como o irresistível governador de tudo quanto ele tem feito. Todas as coisas sem exceção estão dispostas Por ele, e sua vontade é a última palavra para tudo acontecer. Os céus e a terra e tudo o que neles há são instrumentos pelos quais ele executa seus planos. A natureza, as nações e o destino do indivíduo são, igualmente, em todas as suas mutações, cópia de seu propósito. Os ventos são seus mensageiros, a chama de fogo sua serva, cada ocorrência é seu ato; a prosperidade é seu dom, e se a calamidade cai sobre o homem é o Senhor que tem feito (Am 3.5, 6; Lm 3.33-38; Is 45.7; Ec 7.14; Is 44.16). É ele quem dirige os passos dos homens, quer eles saibam ou não; quem ergue e derriba; abre e endurece o coração; e cria os pensamentos e intentos verdadeiros”.

Está bastante comprovada a Soberania de Deus, Ele é o criador de todas as coisas e nada foge do seu controle, encerro essa parte com um comentário do Dr. Charles Hodge:

“(...) Não obstante essa soberania ser universal e absoluta, e é soberania de sabedoria, santidade e amor. A autoridade de Deus não é limitada por nada fora dele mesmo, mas é controlada, em todas as suas manifestações, por suas perfeições infinitas. Esta soberania é a base da paz e da confiança de todo seu povo. Eles se regozijam porque o Senhor Deus Onipotente reina, porque nem a necessidade, nem o acaso, nem a loucura dos homens, nem a malícia de Satanás controla a seqüência dos acontecimentos e os seus resultados finais. Sabedoria infinita, amor e poder pertencem ao nosso grande Deus e Salvador, em cujas mãos estão confiado todos os poderes nos céus e na terra”.

MCGREGOR, R. K.. A soberania banida: Redenção para a cultura pós-moderna. 2º Edição São Paulo: Cultura Cristã, 2007. 256 p.
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 3º Edição São Paulo: Cultura Cristã, 2007. 720 p.
MCGRATH, Alister E.. Teologia: sistemática, histórica e filosófica. São Paulo: Shedd, 2005. 664 p.
FALCÃO, Samuel. Escolhidos em Cristo: o que de fato a Bíblia ensina sobre a predestinação. São Paulo: Cultura Cristã, 1997. 208 p.
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